Antônia C. B. Feitosa

domingo, 11 de dezembro de 2011

HRC - Trabalhando por Direitos Iguais para Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros



HRC - Human Rights Campaign - Campanha pelos Direitos Humanos

Como a maior organização de direitos civis a trabalhar para alcançar a igualdade para lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros americanos, a Campanha de Direitos Humanos representa uma força de mais de um milhão de membros e simpatizantes em todo o país - todos empenhados em tornar a visão HRC uma realidade.



ESTE TEXTO É DA AUTORIA DA “HUMAN RIGHTS CAMPAIGN”
WORKING FOR LESBIAN AND GAY EQUAL RIGHTS




Sentires-te atraíd@ por alguém do mesmo sexo pode ser assustador – de tal modo que te pode levar a negar os teus sentimentos, ou a atirares-te para uma relação com o sexo oposto só para provar que não és gay ou lésbica.
Mas os sentimentos voltam a aparecer. Tentas apagá-los da mente mas não consegues. Finalmente, deixas de resistir e, nesse momento, o teu mundo altera-se. Descobres que te sentes bem com alguém do mesmo sexo, melhor do que alguma vez te sentiste com alguém do sexo oposto. Mas o que quererá isto dizer para o resto da tua vida?
Certamente, a vida é mais difícil se fores gay ou lésbica. Exige que tenhas coragem para viveres a tua vida amorosa para além de quaisquer julgamentos ou discriminações de que possas ser alvo. Mas vais conseguir. Milhões de pessoas têm conseguido e dizem que foi a melhor coisa que alguma vez fizeram.
Ao criar este texto, falámos com algumas figuras públicas gays e lésbicas sobre a experiência de assumirem a sua orientação sexual, perante si e perante os outros. Entre eles: o deputado dos EUA Barney Frank, o actor Wilson Cruz, e a Editora Executiva da revista Essence Linda Villarosa. Esperamos que o que dizem te seja útil.



Não há uma única maneira de saberes que te sentes atraído pelo mesmo sexo. Algumas pessoas sempre o souberam. Algumas compreendem durante a puberdade. Algumas só descobrem na universidade. Algumas só o reconhecem depois de se terem casado com alguém do sexo oposto. Mas seja quando for que os sentimentos aparecem, quase todos pensam: Como é que realmente sei se sou gay, lésbica ou bissexual?
Por um lado, é muito simples: Se as tuas mais fortes atracções emocionais e sexuais são por pessoas do mesmo sexo, és gay ou lésbica. Se são igualmente fortes pelo mesmo e pelo sexo oposto, és bissexual.
Por outro lado, a orientação sexual torna-se confusa porque quase todos nós fomos criados como sendo heterossexuais. Os nossos pais, professores e a nossa cultura disse-nos que algum dia, encontraríamos alguém do sexo oposto e nos casaríamos. Nunca ninguém nos disse que podíamos apaixonar-nos por alguém do mesmo sexo. É por isso que ficamos chocados quando tal acontece.
A não ser que haja alguém lésbica/gay na tua família, provavelmente nunca consideraste a possibilidade de que pudesses ser lésbica ou gay. Ainda mais, provavelmente já ouviste muitos estereótipos negativos sobre pessoas gays e lésbicas – mas a maior parte é baseada em informação errada ou inadequada; do que precisas é de factos.


OS FACTOS SOBRE A HOMOSEXUALIDADE


Ninguém sabe quantas pessoas são gay, lésbicas ou bissexuais. A melhor estimativa que temos actualmente indica que entre 3 e 6 por cento da população é gay/lésbica. No entanto, até as estimativas mais bem conceituadas são afectadas pelo  facto de que muitas pessoas têm medo ou não querem ser identificadas como gay ou lésbica, mesmo num inquérito anónimo. Por isso o verdadeiro número é provavelmente mais elevado. Mas, qualquer que seja o número, os factos são os mesmos:
1.        A Homossexualidade não é uma escolha, a Homossexualidade escolhe-te
Algumas pessoas dizem que a homossexualidade é uma escolha para te desencorajarem duma relação gay ou lésbica. Mas pensa por um minuto: decidiste ter sentimentos de atracção pelo mesmo sexo? Porque o farias? O facto é que ser homossexual é tanto uma escolha como ter olhos verdes, ser canhoto ou ser heterossexual. É uma orientação, faz parte de quem é. A escolha reside em escolheres como viver a tua vida.

2.       Os Homossexuais são pessoas mentalmente sãs
Nos anos 70, a Associação Psicológica Americana e a Associação Psiquiátrica Americana corrigiram as suas posições sobre a homossexualidade. Ambas decidiram que a homossexualidade não é uma perturbação mental. Apesar disso, há quem tente dizer-te que és doente e que precisas de ajuda profissional para “mudar”. Não existe nenhuma evidência científica válida de que as pessoas possam mudar as suas orientações sexuais, embora algumas pessoas consigam reprimi-la. Mas porque ser lésbica/gay não é uma doença, não há realmente nenhuma razão para tentar mudar.
Mas é perfeitamente válido procurares ajuda para lidar com os sentimentos confusos que podes estar a sentir em relação à tua orientação sexual. Decidires assumir-te é um passo decisivo na tua vida e como em qualquer outro acontecimento importante poderás procurar ajuda profissional. Mas não esqueças: a ansiedade que estás a sentir é provavelmente o resultado do preconceito familiar ou social contra a homossexualidade, não da homossexualidade em si.

3.       Ser Lésbica ou Gay é natural
Já ouviste, provavelmente, dizer que é “suposto” os homens estarem com mulheres e mulheres com homens, que ser gay ou lésbica é contra a natureza e a moral. Mas se a homossexualidade não fosse natural, porque ocorreria, geração após geração, apesar da forte oposição social? O facto é que o amor pelo mesmo sexo tem ocorrido ao longo da história, em todas as nações e culturas do mundo. É uma variação natural entre humanos, e se pesquisares vais provavelmente descobrir que também já ocorreu algures na história da tua família. Quando alguém diz que a homossexualidade não é natural, quer dizer que é contra as suas ideias preconcebidas sobre o que é natural.

4.       Ser Lésbica ou Gay não é um “Estilo de Vida”, é uma Vida
Diz-se por vezes que as pessoas gay ou lésbicas vivem um “estilo de vida” gay, uma expressão escolhida para nos tornar triviais e para insinuar que todos os gays e lésbicas têm os mesmos valores, características e sonhos. O facto é que não somos todos iguais tal como os heterossexuais também não o são. Alguns de nós têm uma relação para toda a vida, alguns têm muitas. Alguns vestem roupa característica, alguns não. Alguns são liberais, outros conservadores. Alguns ricos, outros pobres. A única coisa que todos temos em comum é que amamos pessoas do mesmo sexo.

5.       Lésbicas e Gays constituem famílias
Algumas pessoas falam como se houvessem duas opções na vida: podes casar com alguém do sexo oposto e constituir uma família ou podes ser gay ou lésbica e ser excluíd@ da definição de família. Esta é uma enorme falsidade e é uma posição perpetuada por extremistas político religiosos que têm interesse em identificar os homossexuais como estando à margem da sociedade. O facto é que casais lésbicos ou gay são família, tanto quanto casais heterossexuais.
E se sonhas em ter crianças, podes fazê-lo sendo gay ou lésbica. Muitos casais gay e lésbicos têm crianças por adopção, inseminação artificial ou de relações prévias. Mais, toda a evidência científica até à data evidencia que as crianças de casais homossexuais têm todas as probabilidades de crescerem felizes e tão bem ajustad@s quanto as crianças de relações heterossexuais.

6.       Algumas das pessoas mais talentosas foram ou são Lésbicas ou Gay 
Se alguém alguma vez te sugerir que a tua vida não dará em nada se fores homossexual, esclarece-lhe que: Platão era um amante de homens. Também o eram Miguel Angelo e Leonardo da Vinci. Bayard Rustin, um líder do movimento de libertação (black civil rights), era gay. Assim como Oscar Wilde, Gertrude Stein, Marcel Proust e James Baldwin. Shakespeare escreveu sobre o amor de um homem por outro. A poeta Emily Dickinson escreveu sobre o seu amor por uma mulher. Mais recentemente, as cantoras K.D. Lang e Melissa Etheridge e as actrizes Ellen DeGeneres e Amanda Bearse assumiram-se como lésbicas. Os actores Wilson Cruz e Mitchell Anderson, o produtor discográfico David Geffen, o nadador olímpico Greg Louganis, o patinador olímpico Rudy Galindo, e o Rep. dos EUA Barney Frank assumiram-se  como gays.

“Assumir-me foi a melhor coisa que alguma vez fiz... Dissipou todos os medos.”
K.D. Lang, cantora



Sair do armário significa identificares-te como gay, lésbica ou bissexual. A primeira e a mais difícil das pessoas a quem o deves revelar é a ti própria. Só depois podes lidar com os teus amigos e com a tua família. Para muita gente, sair do armário é um processo difícil mas muitas pessoas fazem-no porque, mais cedo ou mais tarde, não aguentam mais escondê-lo.  Depois de saírem do armário a maior parte das pessoas admite: é muito melhor ser transparente e honesta do que mentir e esconder.
Melissa Etheridge, cantora: As pessoas pensam que perdem tudo se saírem do armário. Isso não aconteceu comigo. Na realidade tudo ficou muito melhor.
Ellen DeGeneres, actriz: Para mim, sair do armário foi a experiência mais libertadora porque as pessoas já não me podem magoar.
Andrew Sullivan, escritor: ...para mim, foi como estar num filme a preto e branco que de repente ganhou cor.


REVELARES-TE  A TI PRÓPRIA


“Na minha infância sentia que havia algo em mim que me diferenciava das outras crianças mas não fazia ideia do que era”, afirma Candace Gingrich, porta-voz  da Campanha para os Direitos Humanos  e meia irmã da porta-voz Newt Gingrich.
“Tive algumas paixonetas passageiras por raparigas e mais tarde tive uma paixão mais forte. Lá no fundo eu achava correcto e normal. Mas, ao mesmo tempo, eu não tinha nenhuma forma de processar esses sentimentos porque não conhecia nenhum homossexual ou julgava não conhecer. Eu pensava que seria arriscar demasiado se expressasse os meus sentimentos”.
Candace começou a jogar numa equipa de rugby e presenciou o afecto entre mulheres pela primeira vez. “Foi como se tivesse aterrado num outro país mas, uma vez chegada lá, descobri que aquele era o meu país de origem. Então percebi que os  meus sentimentos eram normais. Não tinha mal nenhum ser assim.”
Revelares-te  a ti própria significa reconheceres e aceitares que te sentes atraída pelo mesmo sexo. Mas como é que se passa do reconhecimento à aceitação? Ajuda falar com alguém. Mas quem? E o que é que se deve dizer?


REVELARES-TE AOS OUTROS


Algumas pessoas saem do armário quando as outras lhes perguntam se  são gays ou lésbicas. Outras adquirem um ar sério, chamam os amigos à parte e dizem: “Tenho algo para te dizer.”
Se escolheres a última opção, pergunta-te: “Quem é que é a pessoa mais aberta e compreensiva que conheço que não venha a ficar chocada ou assustada.?” Pode ser um amigo, um parente ou um professor. Conta a essa pessoa que tens dúvidas acerca da tua orientação sexual ou que estás a tentar descobri-la e que precisas de conversar. Diz-lhe que a escolheste porque confias nela.
Se não conheceres ninguém em quem confiar, pensa em conversar com um orientador escolar, um terapeuta ou um membro de algum grupo de homossexuais. Existem grupos de apoio na maior parte dos centros para gays e lésbicas. Existem muitos jovens homossexuais e sites na World Wide Web (ex: http//www.hrc.org).

“O objectivo não é contar só por contar mas sim não esconder. Sentir-te-ás bem melhor se encontrares um grande número de pessoas com quem possas ser honesta”
Barney Frank, Congressista, EUA.


APALPANDO O TERRENO


Podes tentar saber se a tua família e amigos vão ser receptivos através das coisas que eles dizem, ou não dizem,  quando a homossexualidade é tema de conversa. Podes tu própria puxar o assunto  servindo-te das notícias – por exemplo o programa televisivo da Ellen, ou debates sobre a  igualdade de direitos laborais para lésbicas e gays. Se as reacções da tua família e amigos forem positivas a sua aceitação relativamente a ti poderá ser boa. Mas não te esqueças que é mais fácil para a sociedade aceitar os homossexuais no abstracto; é um pouco diferente quando é o “meu filho”, a “minha filha”, ou mesmo o “meu melhor amigo”.


CONTAR AOS AMIGOS


Quando estiveres pronta para te revelar aos teus amigos, pode acontecer que tenhas a sorte de ter um amigo homossexual para te ajudar. Mas os amigos heterossexuais também podem apoiar-te. Escolhe cuidadosamente as pessoas a quem vais contar. Muitos homossexuais descobrem que os amigos que julgavam ser de confiança os abandonam e que os amigos que pareciam menos tolerantes acabam por os apoiar. Ao longo desta caminhada é possível que percas algumas pessoas que julgavas tuas amigas. No entanto, ficarás a conhecer o verdadeiro significado da palavra “amizade”.
O actor Wilson Cruz, que interpretou o papel de Ricky na serie “My So Called Life”, afirma que teve muita sorte: “Éramos um grupo de amigos que já se conheciam desde o liceu. Penso que todos sabíamos que éramos gays  mas nunca o dissemos uns aos outros. No início do ano lectivo começámos a contar uns aos outros. Primeiro fui eu e eles sentiram-se aliviados por eu lhes ter dito e depois contaram-me que também eram. Foi óptimo porque, no final do ano lectivo, tínhamos um excelente grupo e não nos preocupávamos nada com o que os outros pudessem pensar. A minha mãe dizia que este não era eu, que era uma fase da minha vida que eu próprio podia alterar se fizesse tratamento. Mas eu dizia que não, que eu era assim mesmo e que era feliz”.
O pior aconteceu ao actor Wilson Cruz: O pai expulsou-o de casa.
“Vivi no meu carro durante três meses” lembra Wilson Cruz. Ele e o pai mal se falaram durante um ano. Um dia, na serie “My So Called Life”, a personagem que Wilson interpretava foi expulsa de casa porque era gay. O pai de Wilson estava a ver esse episódio.
“Ele chamou-me e revelou-me que agora compreendia o que eu tinha passado. Hoje em dia não posso dizer que ele mudou radicalmente mas é verdade que melhorou bastante. Agora conversamos mais do que antigamente.”
A experiência de Wilson foi dramática e mostra que até as pessoas que reagem negativamente de início podem revelar-se compreensivas. Pode não ser muito fácil para ti dar-lhes tempo mas não desistas. Não há nada como ser paciente.

“Eu pensava que as pessoas iam reagir muito pior do que o fizeram na realidade.”
Linda Villarosa, escritora, “The NewYork times” e editora da “Essence magazine”




Projeto de lei anti-homofobia desagrada gays e evangélicos  - Brasil - Notícia - VEJA.com